Terapias Antroposóficas

Odontologia Antroposófica

A odontologia antroposófica foi denominada, para fins de oficialização, de Odontologia Integral Antroposófica (OIA), por utilizar abordagem interdisciplinar, interpretação analítica, e visão sistêmica embasada nos conceitos antroposóficos e no método fenomenológico de Goethe.

A abordagem da dentição relacionada à imagem do homem integral é trabalhada de modo interdisciplinar, não se limitando a eliminar os sintomas locais. Ela possibilita tratar as patologias bucais desde suas origens e inter-relações físico-anímico-espirituais. A proposta baseia-se na salutogênese, cujos tratamentos incluem as terapias externas, euritmia, terapia artística, e outros, com ênfase em orientações e medicamentos naturais, ampliando os cuidados para com a saúde bucal.

É uma conduta terapêutica clínico-odontológica, com um método próprio para aplicabilidade desde os primeiros meses ou anos de vida, sobre a imunidade geral, prevenindo tanto contra as patologias inflamatórias e degenerativas, desde o caso mais comum das cáries, até contra as disfunções do aparelho mastigatório, questões de âmbito orgânico e psico-afetivo. Assim, promove um tratamento que cuida da parte em consonância com o todo, tratando a boca, observando os fenômenos que estão acontecendo em outras partes do corpo, ou mesmo em outros níveis psíquicos.

Quirofonética

A Quirofonética é uma terapia corporal que reúne recursos da massagem e da fala, enquanto movimento e força plasmadora. Os livros sagrados denominavam Logos, o Verbo a esse atuar formativo da sabedoria que tudo movimenta.

Criada na primavera de 1972, em Linz (Áustria), pelo Dr. Alfred Baur, a Quirofonética (do grego: cheirós - mãos; phoné - som) atua a partir da constatação de que o organismo fonador - desde o pulmão que fornece ar para a articulação dos fonemas, até os lábios, que são o obstáculo mais externo da Fala - constitui um "Homem da Fala"; e está relacionado ao organismo como um todo.

Está fundamentada no conceito de metamorfose, desenvolvido por Goethe, e na imagem proposta por Rudolf Steiner (criador da Antroposofia) sobre a organização trimembrada do ser humano (em três sistemas: neuro-sensorial, rítmico-circulatório e metabólico-motor relacionados ao pensar, sentir e querer, que se referem, por sua vez, a níveis diferentes de consciência).

Cada área do sistema fonador corresponde às regiões e órgãos do ser humano total: a cavidade buco-nasal corresponde ao tronco do “ser humano da fala”, onde o palato mole é seu abdômen e o palato duro corresponde à caixa torácica (o coração é a língua), os pulmões são suas pernas, os dentes correspondem à metamorfose da sua cabeça. A laringe é o útero materno metamorfoseado: a laringe traz fonemas ao mundo como o organismo feminino dá a luz à criança.

Na prática, a Quirofonética é aplicada como um deslizamento no corpo do paciente (nas costas, braços e mãos, pernas e pés, conforme indicação diagnóstica), facilitado pelo uso de óleos medicinais. São deslizados desenhos fonéticos de vogais e consoantes, que correspondem ao movimento que o ar executa para a emissão dos fonemas, enquanto que, simultaneamente, o terapeuta entoa o som correspondente aos fonemas escolhidos. Sempre aplicada com o paciente desperto, é portanto uma terapia perceptiva e receptiva. As forças plasmadoras dos fonemas são acolhidas e vivenciadas pelo paciente, através do tato, do calor, da audição e da percepção de movimento, considerados sentidos básicos para o desenvolvimento da qualidade humana do ser. A qualidade curativa dos fonemas é acolhida graças ao processo de imitação inerente ao ser humano.

A fundamentação e a aplicação prática da Quirofonética são descritos extensamente no livro de Alfred Baur O Sentido da Palavra: no Princípio era o Verbo, São Paulo: Editora Antroposófica, 1992.

Terapia Artística

A terapia artística fundamenta-se na visão médica, terapêutica e artística ampliada pela Antroposofia de Rudolf Steiner, segundo a qual o homem é um ser espiritual constituído de espírito, alma e corpo vivo, e no conhecimento teórico e prático dos elementos das artes e das leis que os regem.

Assim, por meio desses elementos, que nas artes plásticas são, por exemplo, cor, forma, volume, disposição espacial, etc., a terapia artística possibilita que a pessoa vivencie os arquétipos da criação, ou seja, se re-conecte com as leis que são inerentes à sua natureza interior mas que foram "esquecidas" por diferentes motivos. Com isso, traz um contato com a essência sanadora de cada um.

Na terapia artística aprende-se a observar, sentir, agir e pensar de modo mais consciente e diferente do que antes. No entusiasmo pela natureza, pelo belo, pelo ritmo e pela harmonia a pessoa sente-se novamente "inteira".

Ver também o site da AURORA – Associação Brasileira dos Terapeutas Artísticos Antroposóficos, onde há muitas informações.

Massagem Rítmica

A Massagem Rítmica foi desenvolvida a partir da massagem clássica pelas Dras. Ita Wegman [N.T. - colaboradora de Rudolf Steiner, e coautora de seu livro sobre Medicina Antroposófica] e Margarethe Hauschka no começo do século XX. A Massagem Rítmica baseia-se no conhecimento dos diferentes membros da constituição humana, e as interações entre os sistemas neuro-sensorial, rítmico e metabólico-motor.

Em estado de saúde o sistema rítmico, constituído pela circulação e pela respiração, mantém o equilíbrio entre a decomposição de uma substância corpórea (catabolismo) que é mediado pelo sistema neuro-sensorial e a formação de substância corpórea, mediada pelo sistema metabólico-motor.

O sistema rítmico promove a saúde em todo o organismo ajudando na prevenção de doenças e do "stress", e servindo de apoio para o processo de cura. Ritmos como a mudança de estações do ano, acordar e adormecer, inspirar e expirar, e sístole e diástole, são como o ritmo de ligar e soltar da massagem.

O ritmo na massagem procura harmonizar os processos de decomposição e formação de substâncias corpóreas.

Princípios espirituais trabalham nos nossos corpos através do calor, do ar e da água. Na Massagem Rítmica, a mão do terapeuta é capaz de imitar as formas do movimento desses elementos trabalhando de maneira calórica, flúida e aérea. A qualidade do toque do terapeuta é então capaz de produzir uma resposta interior nos diferentes membros do ser humano. Para afetar os processos vitais que ocorrem nos líquidos, a qualidade do movimento nessa massagem é dirigida a um movimento de sucção, ao invés de pressão.

Euritmia

O movimento do organismo humano é algo maravilhoso: pensemos nas inúmeras possibilidades que ele contém, que vão muito além do que é necessário para o nosso dia a dia. Isso pode ser exemplificado nos esportes e também nas artes, como o ballet e a dança. Toda a enorme complexidade da nossa vida interior pode expressar-se através de nossos movimentos.

Pela Antroposofia vemos que o organismo humano está organizado de tal forma justamente para possibilitar a expressão da universalidade que ele tem em seus movimentos; essa universalidade de movimentos existe porque nós próprios estamos organizados por eles. Quando falamos dessa organização para o movimento, obviamente pensamos em suas mais detalhadas e mínimas características morfológicas e funcionais em cada um de seus tecidos e órgãos.

E onde está a mais elevada expressão desse movimento humano? Onde essa universalidade mais se evidencia? Inicialmente nos surpreendemos ao perceber que a mais elevada expressão da complexa organização de movimentos é a fala, exclusiva do ser humano. Na fala reconhecemos o ser humano.

Falamos porque temos essa organização de movimento; a fala é fruto do ar expirado através das vias respiratórias: pulmões, laringe faringe, cavidade nasal, lábios. O fluxo de ar é modelado graças aos finos movimentos que acontecem nesses espaços. Os movimentos que realizamos com nossos membros, por mais perfeitos que sejam, são extremamente simples quando comparados com os sutis movimentos que acontecem nos órgãos da fala ao gerarmos os fonemas. Por isso dizemos aqui que a expressão máxima do movimento humano está nos movimentos geradores dos fonemas nos órgãos da fala. Surge então uma pergunta: é possível movimentar-se o corpo de forma a imitar o que acontece na fala? Podemos imaginar que aí o movimento atingiria dimensões nunca antes imaginadas. Como isso é possível? Isso é possível expressando com movimentos do corpo e especialmente com os braços a forma do movimento do fluxo de ar no organismo fonador quando falamos. Imaginemos que queremos expressar assim uma poesia que estamos ouvindo. Algo maravilhoso resulta daí, e o nome dessa arte é Euritmia.

Através da Euritmia, todo o corpo fala.

Claro, esse movimentos expressam o homem sadio, e quando executados trazem bem estar e harmonia. Porém esse movimentos podem também ser forçados, ou levemente modificados para a atuar no próprio organismo humano em estados patológicos com a intenção de transformá-los, curá-los, saná-los. Agora estamos falando da Euritmia Terapêutica. O uso do movimento para o tratamento de diversas doenças posturais, neurológicas musculares é bem conhecido pela medicina acadêmica. E a Euritmia Terapêutica é usada nestes casos e também em outros estados de patologias orgânicas ou psiquiátricas. nA Euritmia Terapêutica deve ser conduzida por um profissional capacitado, a partir de indicação médica. Ela é uma pratica terapêutica complementar ao tratamento médico.

(*) Em 8/11/10 o nome "euritmia curativa" foi alterado para "euritmia terapêutica".

Musicoterapia

É a utilização estruturada da música como processo criativo, para desenvolver e manter o potencial humano. É uma atividade planejada, que tem como objetivo a humanização do estilo de vida contemporâneo, por meio das muitas facetas da experiência musical, para proteger e recuperar a saúde e melhorar as relações sociais e ambientais. Promove habilidades nas esferas da comunicação e integração no funcionamento e desenvolvimento cognitivo, afetivo, sensorial e motor. [Do folheto "Musicoterapia e desenvolvimento humano"].